#28 DOIS MIL E VINTE E CINCO

Metas, listas, livros, escrita, criação - o ano do Snoopy

Meu modelo de vida, em 2025, será o Snoopy

É sempre assim, o ano começa e a gente se transforma em uma bola de energia pronta para encarar todas as coisas, parece que a primeira semana do ano é sempre a semana em que a gente consegue manter mais à mão as intenções que vivem no fundo da nossa cabeça nos outros meses. A gente começa a escrever diários, abre agendas, tudo fica meio imbuído de uma aura mítica de início de ciclo nas listas de livros que queremos ler, viagens que queremos fazer, atividades que queremos experimentar.

Faz alguns anos que eu não traço metas de leitura. A depressão dos 2020 me bloqueou, claro, mas desde a infância eu hesito bastante em criar expectativas porque tenho medo da tristeza da frustração, resultado de ser criada por uma mulher que sempre repetiu que a gente nunca deve criar expectativas etc, já falei disso aqui antes e não quero me repetir. Quando eu escolho um objetivo para o ano, ele vem na esteira dos desejos facilmente atingíveis, é vago o suficiente para que eu o esqueça em fevereiro e a vida continue sem choro e crises de ansiedade até chegarmos a dezembro, quando eu lembro que queria começar a treinar (objetivo de 2022), agachar com 20kg de cada lado na barra (objetivo de 2023), terminar de escrever meu romance e focar na criação de conteúdos para o meu perfil do Instagram (objetivo de 2024) e percebo que consegui alcançar essas metas, fico feliz e sinto aquele calorzinho de autorrealização.

Por isso, em 2025 eu propus para mim mesma metas mais ambiciosas e vou compartilhar aqui. É uma grande coisa, já que vocês sabem como eu sou em relação a expectativas, mas vamos lá.

O que eu quero fazer em 2025:

Quero fazer barra fixa até dezembro

Aqui é um objetivo muito inspirado pelo do Heitor, que trabalhou ao longo de 2024 com nosso personal para conseguir fazer barra fixa – e conseguiu em outubro. Eu vi como foi o trabalho dos dois para que o Heitor atingisse esse nível de força e resistência, e ele me convenceu a tentar. Já informei ao personal, ele já está empolgadíssimo para começar esse tipo de treinamento comigo e continua-lo com o Heitor, que está a caminho de fazer barra com sobrecarga. O homem é uma máquina.

Quero fazer agachamento com 100kg, levantamento terra com 120kg e supino reto com 50kg, com boa execução e pelo menos três repetições limpas em cada

Aqui é super factível: eu estou agachando com 94kg, meu terra tem 114kg e o supino está com uns 46kg. Mas quero continuar com a progressão de carga bem tranquila, atingir as repetições sempre bem feitas, com boa amplitude e controle da carga. Mais uma meta que informei ao personal, que vibra junto comigo a cada PR (personal record, okaaaaay?) batido.

Quero terminar o trabalho no meu primeiro romance e focar em sua publicação

Terminei a escrita do meu primeiro romance em abril, submeti a um prêmio e não ganhei. Agora que ele está comigo de novo, estou começando um caminho de leituras com amigos e, em março, vou submetê-lo a uma leitura crítica bem minuciosa com um escritor do qual eu gosto muito. Já recebi uma resposta muito bonita de uma das minhas melhores amigas (claro que tem o fator afeto, mas ela foi bem criteriosa e pontuou elementos super relevantes que podem ser melhorados e os elogios que ela deu me fizeram muito feliz por virem muito embasados em sua visão super treinada de mestre em literatura e em artes), tenho outros amigos ainda no processo de leitura e estou empolgada com o futuro desse romance. Depois da leitura crítica, vou começar a via Crúcis da publicação – tenho alguma noção sobre mercado editorial por causa do curso da Seiva que estou fazendo e, sinceramente, esse conhecimento breve me preocupa mais do que anima, mas vamodale. Aceito sugestões e conselhos, contatos e consolos de vocês que ou são escritores publicados, ou trabalham no mercado editorial como editores, preparadores de texto, revisores, estagiários. Não tenho muitos contatos, mas tenho algum talento – e muita disposição para transformar esse romance em livro.

Quero começar a escrita do meu segundo romance

Isso eu venho circulando há meses, como vocês já sabem porque eu já falei até demais sobre esse processo aqui, mas sei que a hora está chegando porque eu estou ANOTANDO NA MINHA NOVA AGENDA momentos para escrever. Mudei de ideia em alguns pontos – Pelotas se impõe como cenário, de novo – mas já vivo com três personagens na cabeça. Vai ser bom, vai ser horrível, vai ter muito Matchá Latte.

Quero continuar produzindo conteúdo para o Instagram no mesmo ritmo

Sei que aqui o pessoal torce um pouco o nariz para o Instagram, que escritores muitas vezes se sentem drenados pelas necessidades de promoção dos livros naquela rede – e eu entendo isso, de verdade, acho lamentável que haja esse imperativo. Mas eu também entendo que redes sociais são uma realidade, a gente pode espernear o quanto quiser que elas vão continuar aqui e são um bom meio de divulgação de trabalho e de formação de comunidades - e isso é meio que inegável. Por isso, eu fico muito feliz de postar lá todos os dias, responder todos os comentários nos vídeos, conversar com seguidores nas DMs: fazer isso tudo num ritmo que me permita focar na leitura e na escrita é o desafio do ano, mas eu já estou ANOTANDO NA MINHA NOVA AGENDA formas de otimizar meu tempo na produção de roteiros e gravações. Vai dar certo.

Quero ler “Ilíada” e “Odisseia”

Escolhi a tradução do português Frederico Lourenço, que saiu aqui pela Penguin-Companhia, e vou recorrer à tradução norte-americana do Stanley Lombardo quando ficar confusa com todos os elementos de coesão interna, a retomada anafórica de “este” se refere, afinal, ao Crises ou aos Atridas, e, afinal, que Atrida? Agamênon ou Micenas? Sem problemas, é só ir à Lombiliad que a pobreza coesiva do inglês nos ajuda nessa guerra de atributos. Vou falar demais sobre essa leitura, que quero fazer antes do Hype da adaptação cinematográfica do Christopher Nolan.

Quero ver mais filmes da MUBI

Eu sei que SÓ ASSINAR já me faz sentir 50% mais CULTA do que se eu não assinasse, mas seria bom ver alguma coisa de substância entre as infinitas temporadas de reality shows meio lixo e as muitas horas assistindo a E.R. (Plantão Médico) em estado de semiconsciência. O primeiro filme provavelmente será Não Espere Muito do Fim do Mundo, dirigido pelo romeno Radu Jude, porque eu estou absolutamente fascinada por Bucareste na esteira da leitura de “Solenoide” – que, aliás, é o livro da década para mim, assim que terminar pretendo escrever um texto extenso sobre essa experiência de leitura que bordejou o místico, além de um conto sobre a epígrafe kafkiana da edição norte-americana, inexistente na edição romena e nas traduções brasileira e espanhola. Os dois textos serão publicados aqui, é claro.

Quero passar o ano ANOTANDO NA MINHA NOVA AGENDA

Mesmo que eu borre coisas com caneta, mesmo que eu escreva errado e precise emendar de jeitos progressivamente toscos. Talvez começar a ideia de um commonplace book.

Quero focar mais no Substack

Mais notas, mais posts longos, eventualmente uma área paga porque é preciso viver. Aqui é muito show.

Essas são as minhas metas, todas com aquele cheirinho inebriante de plástico dos estojos de canetinhas que inauguravam o ano letivo no ensino fundamental, tudo com aquele vigor infatigável de quem ainda não falhou no supino.

Escrever tudo isso, aqui, é um progresso imenso.

Parece que estou menos assustada. Que bom.